Eu ando numa vibe meio diferente em relação aos livros, se antes eu adorava uma romance juvenil hoje ando preferindo algo mais com psicológico como já disse na resenha de O lado mais sombrio de A.G. Howard. E como ando me apaixonando muito por esse tipo de história, não poderia deixar de fazer a resenha de um livro que já li há um tempinho o Garota, Interrompida de Susanna Kaysen.
Uma realidade forte demais. Foi assim que consegui definir a leitura do livro, acontece que a personagem principal é ninguém menos que a própria Susanna, uma espécia de auto biografia, porém bem diferente daquelas que estamos acostumados. Ela sabe te envolver em seu mundo sem ser narcisista e isso já basta para que a leitura seja boa.
A personagem foi internada em uma clínica psiquiátrica por ter uma personalidade limítrofe, após tomar várias aspirinas com a intenção de se matar. O ano da história é 1967, um ano que a realidade para muitos podia parecer assustadora demais e talvez seja essa "causa" da loucura da personagem. "Às vezes o mundo do qual viemos parece vasto e ameaçador, trêmulo e instável como uma imensa gelatina; outras vezes, é uma miniatura fascinante, girando, reluzente em sua órbita." (pág 12)
Jogada nesse sanatório, de longe percebia-se que la era a mais sã de todas. Porém, confesso que eu me apaguei aos personagens e passei a desejar que todas tivessem um final feliz e que pudessem sair daquele local. Susanna estava ali, louca, tomando remédios e sem previsão de alta. Será que essa realmente a solução para uma garota cheia de angústias?
A verdade é que o livro te faz ter reflexões, ao longo dos capítulos foi sendo colocado fichas médicas sobre as melhoras e pioras da autora, como se uma simples conversa de algumas horas por dia fossem resolver os seus problemas, isso sem contar que conforme a leitura vai se desenrolando percebemos que algumas vezes ela mente sobre algo apenas para se divertir no meio caótico que está inserida.
"Em nosso mundo paralelo aconteciam coisas que ainda não tinham ocorrido no mundo de onde havíamos saído. Quando por fim elas aconteciam lá fora, era como se já soubéssemos, pois alguma versão daquilo já se desenrolara diante de nós. Éramos como uma plateia provinciana, uma New Haven em oposição à Nova York do mundo real: um lugando onde a história podia fazer a pré-estreia do seu próximo espetáculo." (pág. 35)
Foi uma leitura leve com capítulos curtos - terminei em um dia e meio. Susanna não se fez de vítima, longe disso mostrou a realidade de jovens de sua época que eram jogados em mundos diferentes e que sofrem por isso. Todos os personagens secundários me conquistaram e eu queria demais saber que fim levou cada um deles. "Um raciocínio perverso. Por trás dessa perversidade, porém, eu sabia que não estava louca e que eles não poderiam me manter trancafiada em um hospício." (pág. 53)
Tanto a diagramação quanto a história foram impecáveis, eu chorei junto e me assustei com todas as descobertas que ela teve jogada em um universo que não era seu e como construiu seu próprio mundo e ainda conseguia "se divertir". Foi uma história forte que todos deveriam conhecer, ainda não assisti o filme, mas logo logo eu assisto e dou um update aqui. Vale a pena ler e se emocionar, uma história curta e cheia de indagações e apresenta um novo olhar sobre o mundo.
E vocês já leram ou assistiram?