Estreia: “Daphne” um filme sobre intensidade emocional de uma mulher aos 30 anos
cabine de imprensa 28 fevereiro
Dahpne, uma mulher
no auge dos seus 30 anos, trabalha em um restaurante e durante a noite sai em
busca de sexo e drogas para seu cotidiano. Sob a direção de Peter Mackir Burns, o longa retrata uma
Londres moderna de uma população noturna em busca de diversão.
O que teria tudo para retratar
uma mulher em sua intimidade e mente, acaba se tornando superficial e sem um
aprofundamento em nenhuma questão. A narrativa em forma de contar aos poucos ao
telespectador o que está havendo na mente da personagem, me lembrou de The End Of the f****ing world.
Emily Beecham está deslumbrante em seu papel, consegue dar à Daphne uma profundidade interessante. Apesar
da boa atuação, não consegue compensar o roteiro que é bom, mas não excelente. Sobre o fato de dois homens terem pensado na
caracterização da personagem, foi dito “Eu faço filmes sobre o
que eu acho interessante. Até agora, a maior parte dos trabalhos que eu fiz
foram sobre personagens femininos - ou no mínimo dilemas que eu acho
fascinantes” disse Peter, já Nico Mensiga, escritor, disse “Também havia duas mulheres que estavam
intimamente envolvidas no processo criativo, Emily Beecham, é claro, mas também
a produtora Valentina Brazzini; então nunca foi só eu, um homem, escrevendo
sobre o isolamento de uma mulher” porém não foi que senti assistindo.
Todas as características demonstradas no longa
são o que consideramos de um homem e não de uma mulher independente que paga
suas próprias contas e que lê livro interessantes. A discussão sobre isso é
válida, já que não é comum vermos uma personagem feminina nos cinemas com as
características que deram à Daphne. Nesse ponto achei positivo, mas senti que
realmente alguma coisa faltou para que pudéssemos nos sentir com empatia.
A crítica internacional achou o filme deslumbrante,
e preciso dizer que a fotografia do filme, de responsabilidade de Adam Scarth, realmente é muito linda e
cada cena parece uma foto o que te faz querer assistir. Um adendo importante é
que ao criarem a personagem (já pensando em Emily
Beecham) fizeram com que a atriz lesse os livros que são citados ao longo
do enredo e isso deu uma profundidade maior à personagem.
O desenrolar, que eu disse acima ser parecido com
a série The End Of The F***ing world, série
original da Netflix, é naquela forma de cebola, onde a camada mais profunda
só aparece no final. Daphne passa por uma experiência intensa, mas só
conseguimos ver o que ela realmente sente já ao final do filme. Isso em si não
foi uma coisa que me incomodou, mas não senti que houve um aprofundamento do
que ela estava sentindo que está como um grande destaque. Daphne para mim se mostrou uma pessoa um tanto quanto impenetrável
e que não demonstrou de jeito nenhum o que sente, para mim foi uma escolha
acertada mas nem tanto. Acredito que por ser um filme europeu e os costumes
sentimentalistas de lá serem diferentes do Brasil eu senti essa diferença, mas
para mim o que era pra ser algo profundo se tornou algo raso.
Acredito que sim, é um filme bom mas não da forma
como foi proposto. Se fosse apenas uma mulher e suas transformações e sua luta
para colocar para fora o que sente, seria uma coisa, mas para mostrar algo tão
íntimo e tão profundo acredito que tenha falhado um pouco. Não é excelente, mas
não é ruim e pela fotografia do filme se torna interessante em assistir.
O filme tem estreia no dia 8 de
março, e estará em cartaz em alguns cinemas como Reserva Cultural, em São
Paulo.