Filmes
sobre a segunda Guerra Mundial são comuns de serem encontrados, mas um que
relata um final que é pouco explorado não é tão fácil assim. 1945 é um filme
sobre o final dessa era de guerra, quando os judeus voltam às suas casas e
sendo assim para tudo que foi lhes tirado.
Sinopse:
Em um dia de verão em 1945, um judeu ortodoxo
e seu filho retornam a um vilarejo na Hungria, portando caixas misteriosas,
enquanto os moradores se preparam para o casamento do filho do tabelião da
cidade. Os habitantes - desconfiados, cheios de remorso e temerosos - esperam o
pior e agem dessa forma. O tabelião teme que os homens possam ser herdeiros dos
judeus deportados do vilarejo, representando uma ameaça às propriedades e bens que ele adquiriu ilegalmente
durante a Segunda Guerra Mundial.
O
filme todo ambientado em preto e branco tem direção de Ferenc Török traz
de uma forma sutil elementos para uma discussão muito maior. Somos levados
primeiramente à uma estação de trem onde um pai e um filho judeus ortodoxos
descem trazendo roupas e perfumes para uma pequena vila húngara. A chegada
deles coincide com o casamento de um funcionário muito importante da cidade,
Szentes István, o escrivão da cidade e dono da farmácia.
Esse funcionário, no entanto, é um dos mais preocupados com o que pode
acontecem com a volta desses dois judeus que não possuem registro no vilarejo.
Dentro desse contexto vemos várias personagens agindo de maneiras diferentes:
Alguns tranquilos por terem feito de tudo para ajudar os da região, outros
preocupados por terem se apossado de itens que não lhe eram de direito e alguns
de forma violenta. O pano de fundo dessa história é o casamento, que mostra-se estranho
com uma noiva promíscua e um noivo revoltado com o que pai fez
com os judeus que ali moravam.
O sentimento de culpa é evidente na população
e perpetua por todo o filme, enquanto os dois personagens falam pouco e são
diretos ao assunto. Eles fazem todo o caminho que desejam a pé, atrás da
carroça com seus pertences sem falar o que realmente vai acontecer. Esse pra
mim foi um dos pontos mais altos do filme, senti toda a sensação de não ser bem
vindo em um local e as pessoas terem que te aceitar por questões políticas.
Cada personagem foi explorado à sua maneira e
muito bem desenvolvido, mesmo que algumas questões as respostas não sejam óbvias
e outras sejam. O que mais me impressionou algo longo do filme é o sentimento
que ele passa e também a forma da narrativa bem diferente dos filmes
hollywoodianos que estamos acostumados a ver.
A fotografia em preto e branco dá um ritmo ao
filme que mostra algumas feridas que foram difíceis de serem fechadas e as
oportunidades perdidas dos judeus por culpa de homens como o escrivão.
Como falei é um filme bem diferente do que
estamos acostumados sem ter algo pesado evidenciado e sim sentido. O filme
estreia dia 5 de abril, e será exibido em salas como a reserva cultural em São
Paulo.
Update: À partir do dia 12/07 o filme estará disponível nas seguintes plataformas digitais: Now, iTunes, Google Play, Vivo Play e Looke.