Se existe algo que é sempre necessário
incentivar uma moda que seja democrática, para todos e que ainda
ajude as pessoas de algumas formas. Um dos exemplos que sempre uso é o
Periferia Inventando Moda que transforma a vida de muitas pessoas em
Paraisópolis (SP).
Porém a cada ano surgem mais projetos como esse,
como é o caso do Ponto Firme. O
projeto é de idealização de Gustavo
Silvestre, que inclusive já foi estilista que desfilava na Casa de Criadores. O que ele faz é muito
simples, porém muito profundo: Ele leva às penitenciárias masculinas a formação
da técnica artesã em crochê.
Tendo em vista que é um ambiente masculinizado,
onde há diversos tipos de pessoa é um projeto que afronta à sociedade. Em
entrevista ao FFW ele disse que costuma apelar para o lado do afeto, já que em
um primeiro contato ele pergunta “Quem aí
tem alguém na família que faz crochê?” e é assim que ele ganha a confiança.
O projeto, segundo a entrevista, funciona
através de oficinas dadas na penitenciária onde ele dá três aulas duas vezes
por semana. Surgiu após uma decepção pessoal, já que Silvestre após o
mercado têxtil ter sofrido uma queda foi para a China. Lá ele viu o lado negro
da costura da moda, trabalho escravo e condições precárias. Foi então que ele
voltou ao Brasil e sem direção até ver iniciativas de moda sustentável e passou
a fazer alguns projetos sociais com Chiara Gadaleta que envolviam artesanato,
foi quando conheceu o crochê e começou a desenvolver suas peças.
O grande destaque para isso no momento é que o
Ponto Firme está deixando de ser apresentado apenas nas penitenciárias. Esse
ano o projeto, que conta com o apoio da Melissa, Linhas Círculos e Novelaria,
estará na SPFW no sábado dia 21/04. A prévia da coleção ocorreu em Guarulhos, na
penitenciária Adriano Marrey.“O SPFW tem
como premissa transformação, educação e formação. Ter esse projeto dentro do
evento reafirma nosso compromisso com a sociedade de mostrar que a moda, o
design, o fazer criativo podem realmente mudar a vida das pessoas”, ressalta
Paulo Borges, diretor criativo do SPFW.
Sempre penso que a moda muda à
vida de todos sim, já que nos expressamos através dela. Além disso, temos as
costureiras, modelistas e lojistas que ganham dinheiro trabalhando com isso.
Quando alguém te parar e falar que a moda é uma futilidade, lembre-se de
projetos como esse.