Existe um episódio em
Grey’s Anatomy onde a moça tem que olhar no espelho e falar “Eu sou uma
viúva” para se aceitar e eu estou tendo que falar “eu estou solteira” para
entender o que aconteceu comigo. Esse foi de longe o meu relacionamento mais maduro,
o mais estável e o mais saudável, aquele que parecia um conto de fadas de
quando você encontra seu amor aos 16. E era exatamente assim que eu em sentia:
Em um conto da Disney, onde me caso com meu primeiro namorado sério.
Nós passamos por muita coisa junto, desde o meu afastamento
do meu irmão, minha formatura no ensino médio, faculdade e até minhas crises de
ansiedade. E eu também estava ali por ele, em suas formações, incentivando à
estudar e até levando a gata ao veterinário junto, aquela mesma que eu chamava
de “nossa” quando na verdade eu só via aos finais de semana.
Um relacionamento é como uma montanha russa, às vezes anda
reto, vira de ponta cabeça, dá frio na barriga, medo... Mas no final é bom, e é
isso que levo desse relacionamento por mais dolorido que esse final possa ser.
Quando um relacionamento chega ao fim, sempre perguntam quem é o culpado mas a
verdade é que na nossa relação não foi assim. Não houveram traições, não
houveram brigas e na minha mente de criança Disney não havia sinais que estava
próximo ao término.
Uma semana antes uma conversa franca sobre o futuro, sobre a
necessidade de se pensar no casamento, casa própria e depois uma crise de
sentimentos, medo e angústias que não puderam ser superados. Não é fácil ouvir
que uma relação que parecia tão de boa estivesse desgastada e não é fácil
contar no calendário que nossa última relação sexual tivesse sido quando tudo
já estava estremecido. Mas acabou e é necessário superar.
E agora pra mim parece ser o momento mais difícil e também o
mais doloroso: me reinserir na sociedade de forma a estar solteira e também ver
que o mundo ao meu redor havia evoluído junto comigo e que agora eu não me
encaixo em mais nenhum grupo. Nenhuma das minhas amigas estão vivendo esse
momento comigo, afinal tenho as que já são mães, as que estão pra se casar e
também as que namoram. Quando se namora por muito tempo o ciclo social de ambos
se misturam, você não sabe mais de quem aquele fulano ou aquela cicrana era
amiga na origem e quando se termina essas definições voltam a fazer parte.
Eu me sinto perdida, eu não sei por onde ir ou quem procurar
pra tomar uma breja no final do expediente. Não culpo ninguém, eu sei que
involuntariamente quando namoramos nossos amigos não viram tão primeiro plano
assim e não culpo ninguém, mas eu estou perdida.
Eu me sinto sozinha, me pergunto se ir em um rodízio sozinha e colocar uma série na
Netflix enquanto como parece tão esquisito para alguém. Me disseram que devo me
amar em primeiro lugar, mas eu já me amo. Não me culpo pelo fim do
relacionamento, acredito que seja erro dos dois que levaram ao extremo de não
estarmos mais juntos e sei que posso encontrar alguém que me ame por aí, não me
sinto diminuída mas sim perdida.
É difícil se sentir sozinha mesmo com todo e qualquer tipo
de carinho que suas amigas possam dar não será o suficiente. Minhas noites de
sábado não serão mais recheadas com netflix ou “Fábrica de casamento” e uns
agarramentos no sofá. Eu não terei mais uma companhia que aceite os roles mais
doidos sem questionar, as mensagens de bom dia, bom almoço e boa noite. E
confesso, essa parte tem sido muito difícil porque quando temos um costume por
quase 7 anos, mudar assim dói e te deixa sem rumo.
Eu estou sem rumo, remando em busca de algo que não sei o
que é nem pra onde é. Eu sei que não é culpa de ninguém eu me sentir tão
sozinha e também sei que as pessoas estão se esforçando ao máximo para me
deixarem feliz – um abraço e um beijo especial aos meus pais por isso.
A verdade é que tudo foi belo e não tenho do que reclamar do
meu ex namorado (é muito estranho pensar e escrever essa palavra) e se um dia
ele chegar a ler esse texto, saiba que eu sei que você foi o melhor de si pra
mim e eu o melhor de mim pra você e que mesmo eu discordando de muita coisa,
sei que foi o melhor e que no meu coração eu só estou levando os momentos bons
e sei que essa separação foi dolorida para ambas as partes.
Meu único desejo é voltar a me sentir incluída em grupos de
amigos e que eu refaça algum círculo de amizade.
Uma foto em meio às flores para meu renascimento pessoal |