Sabe aquele dia que você se lembra de um dos fatos mais marcantes de quando você iniciou um curso de mais de três anos atrás? Pois é, estava lendo um livro (100 anos de moda, em breve resenha) e então me veio a cabeça essa lembrança. Trata-se do estilista Jum Nakao que acabou sendo alvo de críticas positivas e negativas sobre seu trabalho, que envolveu a criação de roupas em papel vegetal.
Quem é ele? Jun Nakao foi/é um dos nomes mais importantes do ramo da moda, ele foi responsável por criar um novo olhar e uma nova forma de ver como é o comportamento em relação a esse mundo. Em seu histórico possui 6 anos como diretor de estilo da marca Zoomp, um contrato gigante com a Nike , em 2004, para desenvolver a linha premium Jum Nakao for Nike e variados trabalhos de figurino e direção de criação para dança (São Paulo Companhia de Dança). TV ("Hoje é dia de Maria", minissérie dirigida por Luiz Fernando Carvalho para a Glogo), ópera ("Kseni", de Jocy de Oliveira), mobiliário (linhas para a Tok & Stok) e até curadoria de museu (O Instituto Brasil de Arte e Moda).
Sobre a coleção Costura do Invisível: Esse desfile bombástico ocorreu em 2004, foi um choque já que ninguém esperava por isso. Foram meses de preparação, um transporte especial para na hora tudo ir pelos ares. Como forma de prevenção as modelos usaram como se fosse um macacão de corpo inteiro preto para que as roupas pudessem ser rasgadas, ele usou do básico: cabelos no estilo playmobil, maquiagem carregada e batom preto por toda a apresentação.
Acho que uma das coisas que mais me deixou impressionada foi os detalhes das roupas, havia volumes, rendas tudo feito de papel e com o maior cuidado. Lembro de que quando o estudei mostrava as costureiras inconformadas após o desfile (já que todos foram apenas descobrir na dia) com todo seu trabalho pelos ares. Todos viram como um momento de insatisfação com a moda e seu trabalho, uma crise de identidade que apesar de tudo havia sido muito bem feita. Eu interpretei a minha maneira, encarando como uma forma de demonstrar o quanto a moda é leve e sensível ao mundo em volta, vi como uma forma de ele mostrar que ás vezes damos valor demais a algo que um dia se vai, se quebra.
Foi um dos primeiros desfile que eu pude ver um vídeo que mostrava desde a criação até o final, vi como uma crítica correta a um universo que eu amo, achei muito interessante a proposta, não foi somente eu quem achou isso, afinal o artista apresentou muitas mais vezes esse mesmo desfile, porém não mais de maneira inesperada como da primeira vez.
E por final deixo para vocês o desfile em que houve isso e como foi a reação das pessoas. Achei muito interessante a proposta dele com essa coleção, essa coisa bem mais conceitual do que realmente habitual e poder do choque que ainda existe nesse mundo de puro glamour. Pode ser antigo o desfile, mas acredito que até hoje ele deve ser lembrado e passado adiante algo tão ousado como isso.
Já tinham ouvido falar? Me contem tudo!
Beijos,