No começo do ano eu recebi um livro muito amor de Clarice Pessato, mas obviamente que eu me enrolei toda e acabei demorando para conseguir postar. Depois de ler Garota, Interrompida eu fiquei na vibe de ler livros mais com aspecto de biografia. Esse não me surpreendeu tanto, mas eu vou explicar.
Clarice Pessato era uma adolescente comum, namorava e estudava aquilo que achava que queria, mas um acidente mudou tudo. Em uma rodovia o carro em que ela estava sofreu um acidente, Clarice sem cinto e deitada foi a mais atingida se tornando tetraplégica. "Para minha família é inadmissível pensar que eu estava numa condição diferente da imagem que eles tinham de mim. Lembrar de mim era diferente da realidade apresentada no momento" (pág.39)
Recebi o livro com muitas expectativas, ainda mais que foi a própria autora quem me enviou. Acontece que infelizmente o livro não alcançou aquilo que considero um ápice, sabe? A escrita é fluída e bem explicada, eu senti as emoções que ela passou em cada linha, mas não foi nada a que eu me apegasse. O título desse livro eu achei interessante, pois para ela a vida é um capítulo não terminado, o penúltimo capítulo: porque no último tudo voltará a ser como antes.
É interessante ver o ponto de vista de alguém que sofreu um acidente e que tenta se superar. ver as expectativas reais e frustrações, mas quando eu li a sinopse (impossível ter spoiler quando já sabemos o que acontece né?) eu imaginava uma pessoa com mais garra e em grande parte do livro ela me pareceu dependente demais a espera de um milagre (mesmo que ela lute bastante contra), acho que foi porque em muitos momentos parecia que seus parentes estavam mais animados com novas descobertas do que com ela. Acho que isso foi pelo modo de escrever mesmo, talvez a continuidade das ações ficaram um pouco perdidas.
"Devo registrar que simplesmente estávamos liberados para sair do hospital sem nenhuma recomendação ou instrução. Saímos de lá como se eu não precisasse de mais nada e não tivesse mais nada a fazer ou que fazer"(pág. 61) Ver as suas dificuldades, o preconceito e a falta de instrução na época foi realmente complicado, me senti como ela se sentiu na época: incapacitada. Vontade de pegar todos e dizer "ela ainda está viva, respira, pensa e pode ver a sua reação", acho que ler esses livros mexem com nosso psicológico sim.
Até a metade do livro eu li normalmente, mas quando passou eu fiquei muito perdida. Achei interessante ela querer passar a mensagem de Deus e como isso ajudou a vida dela, mas eu não queria ler sobre Deus e sim sobre como ela se sentiu. Uma página inteira apenas com citações bíblicas fica muito cansativo, tanto que eu nem consegui terminar o livro.
O livro é muito bom e eu gostei muito de ler e super indico para quem gosta, mas tem que tomar cuidado: se você não curte nada sobre religião, nem começa a ler. Eu não terminei de ler o livro, mas ele é bem curtinho (205 páginas) e as letras são grandes, mas faltou um pouco mais de fluxo no livro, algo menos cansativo. A história é excelente, mas faltou algo, infelizmente.
E vocês, gostam de livros assim?