“Inacreditável” mostra o machismo dentro da polícia
14 setembro
A minissérie discute sobre a falta de voz de
uma vítima de estupro quando interrogada por policiais do sexo masculino
Já pensou falar a verdade mas ninguém
acreditar e você ter que falar que é mentira? Isso aconteceu com Marie
Adler. A série foi inspirada no livro Falsa acusação: Uma história verdadeira, dos vencedores do Prêmio Pulitzer T. Christian Miller & Ken Armstrong onde se conta a
história dessa menina de 18 anos, vítima do machismo de uma academia de
polícia.
Personagem Marie Adler em cena Imagem divulgação |
A
jovem, logo após o estupro, foi interrogada em torno de 5 vezes, mas mesmo
assim os policiais não acreditaram nela. E por quê? Porque quem a estuprou
não deixou rastros para trás. A verdade, é que o depoimento de uma vítima
traumatizada pode apresentar variantes, mas os policiais do sexo masculino que cuidaram do caso
parecem não terem se importado com isso.
Marie Adler sendo interrogada após seu estupro Imagem: Divulgação |
Desacreditada por sua ex-mãe adotiva perante os policiais, Marie retirou a queixa e foi processada pelo município por falsa denúncia.
Anos
depois, duas detetives Grace Rasmussen
(Tony Collette) e Karen Duvall
(Merritt Wever) encontram vítimas com uma similaridade muito grande
entre ambas e começam uma investigação. Em paralelo, temos a vida de Marie (Kaitlyn
Dever) sendo contada.
Desde o segundo episódio percebemos como policiais homens fizeram errado com
Marie, já que a forma como as detetives lidam com as vítimas é muito mais sensível
e delicado, respeitando o ocorrido.
Detetives Grace e Karen Imagem: Divulgação |
Vamos criando uma afeição
por Marie e percebendo o quanto uma jovem de 18 anos pode ter sua vida
totalmente mudada por algo que poderia ter sido investigado melhor. Além disso, percebemos
como o sistema da polícia é frágil em relação aos policiais violentos conforme
vamos assistindo aos episódios.
Não é uma série fácil, traz diversos questionamentos em relação ao
comportamento da polícia, investigação criminal e também possui alguma
referências como mencionar a série de televisão CSI.
Por ser
uma série baseada em fatos reais – que é informado logo no primeiro episódio –
vai levando o telespectador uma repulsa compulsória em relação aos estupros que
acontecem ao longo da série. Mas o que mais chama atenção é a falta de atenção
que é dado a esses casos, o que vai contra a Law & Order – Special Victims Unit onde os casos de estupro são
investigados a fundo. Apesar de a série se passar nos Estados Unidos e o
crime real ter acontecido por lá, podemos facilmente fazer a ligação com o
Brasil já que muitos dados apresentados
por lá, podem ser encontrados por aqui.
A falta de tato de um policial do
sexo masculino para lidar com esses casos é algo que pode ser encontrado
por aqui. E basta uma pesquisa rápida no
Google para vermos diversos casos onde se é questionado a roupa da vítima, se
ela havia consumido bebidas entre diversos outros fatores que não devem ser
levados em conta quando há uma agressão. Logo,
pode ser comparado ao Brasil.
Danielle Macdonald em cena como Amber Imagem: Divulgação |
Quanto
as atuações, achei todas impecáveis com personagens muito bem representados. Kaitlyn soube levar uma leveza e ingenuidade
a Marie de um jeito único e delicado, exibindo a forma inocente que a garota
enxergava o mundo. Mais para frente temos a aparição de Danielle Macdonald, como Amber,
onde ela possui um comportamento diferente de Marie e se lembra de tudo em
detalhes. Sua atuação foi maravilhosa e a dor que ela expressava pelo olhar
chamou minha atenção.
São 8
episódios de 40min aproximadamente cada um. Contém violência e estupro, não é uma série para você assistir com os
pais em um domingo para relaxar. É para você pensar, questionar e,
principalmente, entender que cada um reage de uma forma diferente aos traumas.
A
classificação da série é de 16 anos e recomendo que assistam em um dia calmo e
vão dando uma pausa para absorver todas as informações.
2 comentários
Eu já coloquei a série aqui na lista. Vi um post no Instagram da Marina do blog 2beauty que ela contou um pouco sobre o enredo da série e isso me ganhou demais. To querendo MUITO assistir! Ainda mais depois de ter visto "Olhos que condenam" que também é uma puta minissérie super boa! Netflix só ganha pontos comigo, haha! Essa Inacreditável poderia ter sido mais divulgada porque é super importante, então vou assistir e participar dessa divulgação pra que todos possam ver e entender que o sistema funciona de uma forma diferente para nós, mulheres.
ResponderExcluirBeijos!
www.likeparadise.com.br
Assisti a série e indico para uma reflexão. Talvez homens não sintam o mesmo impacto pois não fazem ideia do que é viver num mundo com todos os medos comuns à eles também e, além disso, acrescentando violência sexual. Mas se assitirem, talvez, tenham uma noção...
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