[Estreia] “Alguma Coisa Assim” retrata a descoberta de si próprio

25 julho



Um filme que questiona a necessidade de dar nome às relações

Depois do sucesso de Alguma Coisa Assim – o curta (assista aqui), estreia dia 26 de julho, quinta feira, a versão longa metragem, sob direção de Esmir Filho e Mariana Bastos. No curta temos Caio (André Antunes) descobrindo sua sexualidade já no longa o protagonismo se inverte (de maneira não intencional, garantem os autores) para Mari (Caroline Abras) e seus medos.
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Cena do curta metragem
Imagem: Divulgação

Comparado a Boyhood por se passar em diferentes tempos, o longa é um quebra cabeça que junta todas as partes desde a curta metragem e desenvolve os dois personagens. Diferente do filme comparação que se passa todo em ritmo cronológico, em Alguma Coisa Assim passamos por diferentes tempos sendo costurados entre si, novamente pelas mãos da talentosa Caroline Leone. Um filme nacional que também fugiu de montagens tradicionais e trouxe questionamentos interessantes e que pode ser comparado a esse pela forma de narrativa é Paraísos Artificiais, que também não teve uma ordem cronológica, porém os questionamentos eram outros.

Somos apresentados aos personagens através de cenas do curta e vamos sendo mostrados à cenas posteriores das suas vidas. Os cenários para isso são a Augusta em 2006, e Berlim em 2016. A ideia de dois mundos modernos e descolados foi pensada previamente “Berlim tem muita a ver com a transformação, uma cidade cheia de guindaste e reconstrução e a gente queria falar um pouco sobre a questão geracional, de como o tempo modifica as relações, entendemos que a Augusta e Berlim significava um pouco disso”, diz Mariana Bastos.

Nas cenas gravadas na Augusta, temos um casal de amigos/namorados/ficantes – não sabemos definir, o que resulta no nome do filme – já em Berlim temos esse mesmo casal mais maduro, com Caio sendo médico e Mari ainda trilhando um caminho único na sua vida. “Existe ao longo do filme uma tensão sexual latente, que não conseguimos dar nome à isso” afirma Esmir “Essa coisa de não rotular, traz uma liberdade maior sem a necessidade de se explicar, mas também sabemos que não saber o que é uma relação também traz muito problema. Porque existe um comportamento que acontece porque você dá nome as coisas, se você não sabe o que é ou não quer dar nome as coisas, uma outra complicação pode acontecer”, completa Mariana.
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Imagem: Divulgação

O desenrolar do filme vai o tempo todo de frente para trás e de trás pra frente, foram ao todo três encontros entre o casal protagonista: 2006, 2013 e 2016 que resultaram além do amadurecimento dos personagens em saber um pouco mais sobre os sentimentos deles. A personagem Mari, guarda todos os sentimentos para si mas com a atuação de Carolina Abras conseguimos enxergar tudo aquilo que é guardado dentro da característica de forte.

A trilha sonora é bem marcante, tendo sido produzida por Lucas Santtana e Fabio Pinczowski, oferece ao telespectador mais atento perceber o barulho constante de uma construção em andamento ou uma demolição, que dá ritmo ao filme.

O olhar que temos durante a montagem e o fato de o tempo todo sabermos o que irá acontecer no final, faz com que desejemos saber por que de tudo isso e o que levou as atitudes que ocorreram. Como dito anteriormente, o protagonismo em muitas partes saiu de Caio e foi para Mari, que soube levar o telespectador à sua mente, brilhando em partes do filme de maneira única.

Além da questão de falar sobre relações que não definidas, os temas abordados também são aborto, novas configurações de família e liberdade. Mas a meu ver, pode ser acrescentada também a forma como não percebemos o que o outro sente, sempre há a necessidade de se falar até o que não precisa. Em alguns pontos, achei Mari uma garota sem compromisso com nada nem ninguém, pensando apenas em si própria, mas terminei achando isso do Caio. A forma como o relacionamento dos dois foi abordado, trouxe questões importantes principalmente em relação à comportamento das pessoas próximas.

É um filme com um ritmo bem peculiar e que como dito anteriormente, já vimos em Boyhood, porém dessa vez tem uma montagem de cenas diferente. É um filme para se discutir, falar sobre coisas não ditas e também sobre a liberdade de corpos femininos e masculinos.

O filme estreia amanhã e será um filme para um bom amante de cinema nacional e que gosta de abordagens sobre temas não tão discutidos, vai ser uma ótima pedida.



 Data de lançamento: 26 de julho de 2018 (1h 20min) /Direção: Esmir Filho, Mariana Bastos/Elenco: Caroline Abras, André Antunes /Gênero: Drama/Nacionalidades: Brasil, Alemanha/Distribuição: Vitrine Filmes

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16 comentários

  1. Não é lá meu gênero preferido, mas sabe que sua resenha me chamou a atenção? Bem quero assistir!

    Beijo!
    Cores do Vício

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  2. Uau, adorei a pegada do filme e confesso amo filmes que trazem debates e questionamentos.
    Beijos,

    https://lesjoursdemarcela.blogspot.com/

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  3. Gosto bastante desses filmes que nos fazem pensar e trazem um tema tabu para que possamos discutir.
    Ainda não estava sabendo da estreia desse filme.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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  4. Não conhecia ainda esse filme, que bacana! A história parece bem legal.
    www.achatadebatom.com

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  5. Nao conhecia o filme, mas achei bem interessante a proposta! Sou louca para ver Paraísos Artificiais, mas nunca sobra tempo. Gostei das imagens, parece ter boa fotografia o filme.
    Passa lá no blog para conferir as novidades.
    Beijos,
    Monólogo de Julieta

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  6. Não conhecia, mas fiquei bem curiosa, me chamou bastante atenção.
    Parece ser bem legal, vou dar uma olhada no curta e ver esse tb.

    Beijos :* Mamãe e Bebê ' ♥

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  7. Oi Carla! Adorei seu blog. Sobre o filme, parece ser ótimo. São poucos os filmes nacionais que prendem, vou da uma chance a esse. Estou seguindo seu blog! ;)

    O Planeta Alternativo

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  8. Parece bem interessante esse filme. Fiquei curiosa em assistir.
    Big Beijos,
    Lulu on the sky

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